• Recife - PE
  • Projeto: 1997
  • Em 1997 vencemos o Concurso Nacional de Arquitetura para o projeto do novo Fórum do Recife.

    Duas idéias fundamentaram nosso projeto:

    Primeiro, a idéia de realizar uma arquitetura monumental. Monumental —como disse Lucio Costa— não no sentido de vazia ostentação, mas no sentido da expressão palpável, consciente, daquilo que significa, pela Instituição que abriga.

    Segundo, a idéia de realizar uma arquitetura urbana. Fundada na compreensão de que a cidade é feita de edifícios. Cada um deles capaz —ou não— de estabelecer o sentido de lugar que define a urbanidade.

    Na consecução dessa arquitetura urbana, descartamos a convencional solução verticalizada do arranha-céu e concebemos um edifício que é também uma quadra; um edifício que cria duas Praças.

    Uma praça ‹verde›, externa, aberta (viabilizada pela concentração dos estacionamentos na lâmina da garage com 6 pisos prevista no extremo leste do lote). Outra praça ‹seca›, constituída no Pátio interno, concebido como espaço público de entrada e circulação de pessoas, mas também como lugar de contemplação arquitetônica: o tradicional ‹Salão dos Passos Perdidos› da arquitetura antiga recriado à céu aberto, numa escala urbana, mais que arquitetônica.

    Na realização da pretendida monumentalidade, o crucial era criar uma arquitetura inteligível ao cidadão: Uma nova Architecture Parlante. Valeu-nos então o moto latino: Adhuc hic hesterna —Persistem Conosco as Coisas de Ontem.

    Nesse sentido —também por lembranças de um outono em Roma vendo obras de Libera e De Chirico— ocorreu-nos a hipótese de uma arquitetura figurativa.

    Naturalmente, não se tratava de reproduzir superficialmente formas estilísticas do passado. Mas sim buscar uma arquitetura baseada em figuras, presentes na memória coletiva. Assim, ‹Muro›, ‹Coluna›, ‹Colunata›, ‹Escadaria›, ‹Pátio›, ‹Torre›, ‹Cúpula›… são as ‹imagens› ou ‹arquétipos› arquitetônicos que —realizados em formas essenciais— constituem o projeto.

    Figuras que são combinadas segundo uma sintaxe não clássica, mas radicalmente contemporânea. Sintaxe que incorpora assimetria e dissonância, fragmentação e distorção, complexidade e contradição –Paradoxo, Antítese e Parataxe.

    No mito grego, Mnemosine, deusa da Memória, filha de Gaia e Urano —o Céu e aTerra— é a mãe de todas as Musas. Então, no fim, foi assumir a tese milenar de Platão: Todo conhecimento é re-conhecimento —anamnese. Toda invenção é uma operação da memória, que evoca ‹reminiscências› do espírito.