Na avenida Guararapes,
o Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
tanto se foi transformando
que, agora, às cinco da tarde,
mais se assemelha a um festim,
nas mesas do Bar Savoy,
o refrão tem sido assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.
Ah, mas se a gente pudesse
fazer o que tem vontade
Mas como a gente não pode
fazer o que tem vontade,
o jeito é mudar a vida
num diabólico festim.
Por isso no Bar Savoy,
o refrão é sempre assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.
—Carlos Pena Filho, o ‹Poeta do Azul›.
O desafio colocado no Concurso: Transformar o espaço do antigo Bar Savoy —marco na história cultural do Recife— num Centro dedicado à literatura pernambucana.
A solução do Problema Arquitetônico em questão realiza-se na consecução de duplo Objetivo:
[I] Atender às novas necessidades funcionais (propiciando espaços suficientemente amplos para acolher número considerável de pessoas em eventos culturais –lançamentos, reuniões, palestras, exposições…)
[II] Criar um ambiente arquitetônico representativo, capaz de —para além da pura funcionalidade— constituir uma imagem marcante, expressão não só do passado histórico do lugar, mas também do momento contemporâneo e dos novos tempos que se anunciam para o antigo Bar Savoy, a partir da corajosa iniciativa dos promotores do Concurso.
A primeira decisão arquitetônica foi a de buscar máxima amplitude espacial, liberando o espaço necessário através da relocação da nova Escada de segurança (que deixa de ocupar o meio do ambiente) e da demolição dos Sanitários e demais cubículos hoje existentes.
Uma vez liberado o espaço do Grande Salão Térreo —na amplitude adequada à funcionalidade e à representatividade pretendidas— propomos a qualificação arquitetônica do espaço pela criação de um grande elemento ao mesmo tempo funcional e escultórico —A ‹Asa Azul›: um septo curvilíneo que, delimitando o novo espaço Savoy, concretiza uma imagem arquitetônica forte, capaz de persistir na memória dos visitantes como evocação da história do local e ao mesmo tempo do momento contemporâneo —do Futuro promissor que se anuncia a partir de agora.
Na lateral leste do Salão, um Balcão com 12 metros, evoca o antigo Savoy, oferecendo o apoio necessário ao funcionamento de um Café-Bar.
Como um todo, o Salão resultará funcionalmente flexível, acomodando as funções variáveis previstas para cada ocasião, por simples rearranjo (ou remoção) de mobiliário. Por ocasião de palestras ou solenidades, cadeiras empilháveis constituirão a Platéia; Quando for mais conveniente liberar o espaço, as cadeiras serão guardadas ou distribuídas conforme a ocasião.